"Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer." (Rubem Alves)

No inverno as flores morrem.

Por Matheus Cerqueira/ Ramon Assis

Hoje ao acordar calcei os chinelos que estavam na beira da cama e fui direto para o banheiro. Olhei-me no espelho do armário da pia, dando-me bom dia. Esse meu comprimento é tão corriqueiro, que o faço quase sem notá-lo. Escovei os dentes, mas fazia tão frio que evitei lavar o rosto, afinal hoje era meu dia de folga e não ia ver alguém por tão cedo, não iria ter ninguém pra ver minhas remelas. Escovando os dentes e trocando pensamentos com o reflexo no espelho, como de costume, estabeleci os meus compromissos do dia e fiz minha oração. O meu primeiro compromisso foi de ir visitar o Meu Jardim. Uso letras maiúsculas por que esse é o nome próprio do canteiro ao lado do meu quarto, onde planto e cultivo alguns frutos. Disposta a dar uma arrumada. Podar as plantas. Arrancar as ervas daninhas, tirar as folhas secas e as flores muchas. Disposta a plantar mais mudas, a aumentar o espaço para poder ter mais plantas, flores e frutos. Depois de cuidar do Meu Jardim. Iria ficar em casa mesmo, lendo um livro, ouvindo uma boa música, costurando Fuxico, assistindo filme ou qualquer outra coisa legal de se fazer quando está só. As pessoas com quem eu queira estar naquele dia de folga estavam longe em outras cidades, um dia apenas de folga não dava tempo pra vê-las. Então melhor mesmo ficar em casa e cuidar um pouco dela, também fazia dias que eu não tinha tempo pra cuidar do Meu Jardim e ele estava precisando de cuidados. Gosto de plantas, de mexer com a terra. Divirto-me até com o trabalho que a erva daninha dá para ser arrancada. E ver a beleza das borboletas que me visitam é tão mágico e me faz tão bem. Alegria maior é vê-lo todo colorido com as flores que brotam aos poucos. Ah o Meu Jardim me traz tanta paz comigo mesma.
          Ao sair do banheiro fui direto abrir a janela precisava ver logo o Meu Jardim e dá-lo bom dia. Ao abrir a janela dei de cara com a chuva forte que caia lá fora. Um vento frio soprou em minha face, espigando água para todos os lados, bateu tão forte que foi capaz de derrubar o porta-retrato em cima da penteadeira. Fechei a janela as pressas, esquecendo-me de olhar para o Jardim.
          Espantada com a chuva, fui secar o rosto. E Preparar um chá em sache de maçã, canela e camomila para tomá-lo comendo os biscoitos feitos por mãe. Coloquei o vinil do Chico pra tocar, acendi um incenso de Orquídea, falando em orquídeas, sempre quis ver uma florescendo, mas toda tentativa de plantá-la é impedida, penso que algumas técnicas, ainda, têm eu que aprender pra poder fazê-la florescer. Liguei o PC, abrir o MSN em off. Esperei a chuva dá trégua, lendo poesias em alguns blogs ao mesmo tempo em que olhava fotografias dos próximos lugares a serem visitados. Na primeira oportunidade, sai e fui conferir de perto o estrago que a chuva fez. Fiquei triste ao perceber que no inverno as flores morrem. O que me anima é saber que basta poucos dias de sol pra por tudo em seu devido lugar, pois a terra que escolhi pra plantar é de boa qualidade e muito fértil.

Indira Bastos.

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